Zoológico que gera energia, vida e futuro
Energia Solar: Ter, 28 de Outubro de 2025, 10:42:00
Bioparque Zoo Pomerode alia inovação e consciência ambiental através da autossuficiência energética e iniciativas de sustentabilidade
No coração de Pomerode, o Bioparque Zoo Pomerode transformou a luz solar em uma aliada poderosa para a preservação ambiental. Desde 2021, quando entrou em funcionamento sua usina fotovoltaica, o parque deixou de emitir 30,1 toneladas de gás carbônico por ano.
“Esse volume de CO² é equivalente a 570 árvores por ano. É muita coisa, e reforça o nosso compromisso ambiental”, destaca o administrador Maurício Bruns, que há 25 anos dedica sua trajetória à instituição.

Usina fotovoltaica: Toda estrutura já foi pensada para a possibilidade de ter sua capacidade ampliada no futuro. Foto: Janaina Possamai/Testo Notícias
Com 700 placas solares instaladas sobre 88 vagas cobertas de estacionamento e sobre o telhado de um dos prédios, o Bioparque deu um passo firme rumo à autossuficiência energética. A conta de luz, que antes chegava a R$ 23 mil por mês, hoje gira em torno de R$ 70 mil por ano — uma economia que impressiona tanto quanto inspira.

Gerador é capaz de abastecer todo o parque. Foto: Janaina Possamai/Testo Notícias
“Eu sempre digo que sustentabilidade não é só proibir, é equilibrar. Às vezes, você gera um impacto, mas pode compensar de outra forma”, reflete Bruns.
A ideia que nasceu do sol — e da vizinhança
Curiosamente, a ideia de usar as placas fotovoltaicas surgiu de um impasse urbano. O projeto inicial previa o estacionamento em outro local, mas a resistência de moradores fez com que o administrador repensasse tudo.
Em contrapartida, o espaço que atualmente abriga o Estacionamento 2 do Zoo era utilizado por diversas pessoas para promover encontros e festas não autorizadas, que acabam gerando algazarra e atrapalhando os moradores do entorno.
“Uma vizinha chegou e disse: ‘Que bom que vocês vão fazer o estacionamento aqui, vai acabar com a bagunça’. Aí deu aquele clique”, relembra.

Conforto térmico e sustentabilidade: placas cobrem o estacionamento, trazendo benefícios para o Bioparque e seus visitantes. Foto: Janaina Possamai/Testo Notícias
Do problema nasceu uma solução: um estacionamento coberto com painéis solares, que hoje é referência tanto em autossuficiência quanto em conforto para os visitantes. Além disso, um prédio foi erguido com essa mesma dupla função. Além de abrigar uma subestação elétrica projetada para o futuro, capaz de sustentar o crescimento do parque sem desperdício energético, em seus andares superiores; o térreo recebeu banheiros femininos e masculinos, além de espaço destinado a PCD e família, que fica logo ao lado de estacionamento. Com isso, novamente, duas vertentes distintas receberam melhorias a partir de uma mesma iniciativa.
Energia guardada: o futuro é agora
O Bioparque já planeja o próximo salto: a instalação de um sistema BESS (em inglês: Battery Energy Storage System), um “banco de baterias gigante”.

Visão a longo prazo: Inversores têm capacidade para expansão do número de placas, caso haja necessidade de mais energia para garantir a autossuficiência. Foto: Janaina Possamai/Testo Notícias
“Durante o dia, as placas vão gerar energia, que abastece o parque, em seguida é armazenada pelo BESS e só depois vai para a rede. À noite, no horário de pico, usamos essa energia armazenada. O investimento é alto, mas o payback é de três a quatro anos”, explica Bruns, entusiasmado.
O novo sistema tornará o parque ainda mais autossuficiente e reduzirá custos justamente nos momentos em que a energia da rede é mais cara.
Floresta que cresce junto com o sonho
A sustentabilidade do Bioparque vai muito além das placas solares. Desde 2008, a equipe planta milhares de árvores nas áreas de preservação permanente (APPs) e nas margens do Ribeirão Jerusalém, que transpassa parte do Zoológico.
A recomposição da mata ciliar já atinge um trecho 16 mil metros quadrados, e o resultado encanta. Animais da fauna nativa foram avistados, incluindo muitas aves que utilizam a nova mata também para se alimentar, como por exemplo os cuiús-cuiús. “Quando começamos, não havia nada ali. Hoje já vemos lontras, cachorro-do-mato e diversas espécies retornando”, conta o administrador, orgulhoso.

Preservação: expansão da área do Bioparque e novas fontes de educação ambiental estão sendo pensadas para perpetuar o legado do Zoo Pomerode. Foto: Janaina Possamai/Testo Notícias
Recentemente, o parque adquiriu 68.500 metros quadrados de área com nascentes localizadas nas proximidades das ruas Mato Grosso e Jerusalém, garantindo proteção hídrica e biodiversidade para o futuro. “Compramos justamente para preservar as nascentes e tirar da especulação imobiliária”, acrescenta. A meta é transformar o espaço em uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) e consolidar uma floresta regenerada, “para que as futuras gerações tenham a garantia destas nascentes de água”.
Água que se renova, histórias que inspiram
Outro exemplo de inovação está no novo recinto dos elefantes, em fase final de construção. O espaço, que promete ser “um dos melhores da América do Sul”, terá um lago artificial com 7,2 milhões de litros de água e sistema de reaproveitamento de chuva.
“É um sistema fechado, com três bombas que puxam 400 mil litros por hora cada, além de gerador de ozônio e lâmpadas ultravioleta. Assim, conseguimos tratar mais de um milhão de litros de água por hora”, detalha Bruns.

Casa nova: recinto dos elefantes já está com as obras 95% concluídas, em breve, suas moradoras poderão conhecer o novo lar. Foto: Janaina Possamai/Testo Notícias
Além disso, o Zoo já utiliza a captação da água da chuva para reuso da água em atividades que não necessitam de água potável, ouse, nos vasos sanitários e mictórios.
Todo o projeto mostra que tecnologia e natureza podem coexistir, e que a sustentabilidade, apesar de exigir investimento inicial, se paga com o tempo.
Raízes do amanhã
As árvores também contam histórias no Bioparque. Espécies nativas como canela-sassafrás, canela, peroba e imbuia já têm espaço garantido em uma futura trilha interpretativa. “Queremos que as pessoas conheçam essas árvores raras e gigantes. É um projeto de longo prazo, mas de muito valor”, comenta Bruns.
A floresta que cresce aos poucos também simboliza o que o administrador chama de “legado para Pomerode”. “Nosso esforço é pelos animais e pelo município. Estamos deixando um legado muito grande, e acredito que teremos um dos melhores zoológicos do mundo.”
Entre fios, folhas e futuro
Mais do que um parque, o Bioparque Zoo Pomerode é hoje um laboratório vivo de sustentabilidade. Um espaço onde energia limpa, manejo ambiental e amor pelos animais caminham juntos, ou melhor, crescem sob o mesmo sol.

Casa nova: recinto dos elefantes já está com as obras 95% concluídas, em breve, suas moradoras poderão conhecer o novo lar. Foto: Janaina Possamai/Testo Notícias
“Eu estou aqui há 25 anos e ainda acordo com o mesmo entusiasmo. Quando você faz o que gosta, o tempo passa e você nem sente”, diz Maurício Bruns, com brilho nos olhos.
O sol que ilumina o parque é o mesmo que move um ideal: o de crescer com responsabilidade, proteger com paixão e inspirar com exemplo.
A casa de mais de 220 espécies
Atualmente, o maior zoológico de Santa Catarina conta com 900 animais, de 220 espécies diferentes. Fundado em 1932 pelo icônico Hermann Weege, o Zoo Pomerode passou por várias transformações e se tornou o primeiro zoológico particular do Brasil.
Desde 1977, é uma fundação sem fins lucrativos e todo valor arrecadado é revertido para a manutenção e cuidado com os animais.
O trabalho é focado em bem-estar e conservação dos animais. A Educação Ambiental e a pesquisa também fazem parte de toda a história. Atualmente o Zoo Pomerode possui 35mil metros quadrados de área construída e dispõe de mais 85 mil metros quadrados destinados a futuras ampliações.
Energia fotovoltaica
Em outubro de 2025, a geração de energia solar superou a marca de 60 gigawatts (GW) de potência instalada operacional no Brasil, o que corresponde a segunda maior fonte de energia elétrica do país (23,7%), atrás apenas da matriz mais popular e historicamente utilizada pelo Brasil, a hídrica (43%). Os dados são da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
Outros números que impactam a mudança de paradigma dizem respeito à preservação ambiental, com mais de 89,6 milhões de toneladas de CO₂ evitadas. Além da geração de empregos, com mais de 1,8 milhão de postos de trabalho gerados pelo setor.
Santa Catarina
Ainda conforme os dados da Absolar, o estado catarinense é o 11º colocado quando o assunto é geração de energia fotovoltaica, respondendo por apenas 3,5% da potência geral instalada no país. O estado, porém, vem ampliando a utilização de energia solar.
Iniciativas voltadas à geração de energia limpa, como a do Bioparque Zoo Pomerode, somam-se a outros projetos de destaque em Santa Catarina — entre eles, a ação conjunta da Celesc e do Governo do Estado para abastecer escolas públicas com energia solar.
O contrato firmado entre as instituições prevê o uso da energia produzida por sete usinas fotovoltaicas da Celesc Geração, capazes de atender mais de mil escolas estaduais. A medida deve reduzir em cerca de 10% as despesas anuais com eletricidade da Secretaria de Estado da Educação, o que representa uma economia estimada em R$ 2,3 milhões nos próximos dois anos.
O projeto foi viabilizado por um investimento de R$ 58 milhões na construção das usinas, distribuídas em diferentes regiões do estado e com potência instalada total de 12 MW. As unidades são: UFV Lages II (1,0 MW), UFV São José do Cedro (2,5 MW), UFV Videira I (1,0 MW), UFV Modelo I (2,5 MW), UFV Capivari de Baixo (3,0 MW), UFV Modelo II (1,0 MW) e UFV Modelo III (1,0 MW).
Pelo modelo adotado, a Secretaria de Educação passa a alugar as usinas da Celesc, recebendo créditos da energia gerada para abater das contas de luz das escolas. O contrato tem validade inicial de dois anos, com possibilidade de renovação.
Além do impacto financeiro positivo, a iniciativa também contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa, consolidando Santa Catarina como referência nacional na adoção de fontes renováveis e na busca por uma educação pública mais sustentável e consciente.
Dúvidas sobre energia fotovoltaica? Entre em contato conosco.
Por Janaina Possamai, Portal Testo Notícias, publicado em 17/10/2025
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Foto: Janaina Possamai/Testo Notícias. "Gestão para o futuro: o administrador Maurício Bruns fala sobre as iniciativas sustentáveis que caminham juntamente com a expansão do Zoo Pomerode."
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