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Leitura de fatura de energia Grupo A com geração distribuída (CELESC)

Artigos SolarPro: Qua, 03 de Março de 2021, 15:00:00

 

 

 

Este tutorial tem como objetivo auxiliar o leitor na leitura e análise de uma fatura de energia de uma unidade consumidora do Grupo A aderente a geração distribuída. Voltado principalmente para o modelo de fatura da Celesc de Santa Catarina.

 

Logotipo Celesc - Grupo A

 

Caso você ainda não tenha lido, a SolarPro Engenharia disponibiliza um tutorial que aborda faturas de unidades consumidora com geração do Grupo B. Clique aqui para acessar.

Para este tutorial, usaremos a fatura de energia abaixo como fatura exemplo, proveniente de uma unidade consumidora (UC) que têm instalado um sistema fotovoltaico.

 

Fatura de Energia Grupo A
Exemplo de uma fatura Grupo A de uma UC Industrial. Nesta fatura o consumo foi abatido em 100%, mas a empresa precisou consumir parte de seus créditos de energia para isso. O que sobrou da fatura, são apenas custos fixos, como demanda, consumo reativos, impostos e serviços públicos.

 

 

Legenda e informações da fatura:

 

Para melhor entendimento da fatura exemplo, vamos segmenta-la em várias partes:

 

  • 1. Cabeçalho: Incluem informações como a qual grupo pertence a unidade consumidora, data de emissão e apresentação da fatura, mês de referência e informações da concessionária.
  • 2. Informações da Unidade Consumidora (UC): Constam aqui dados cadastrais como o nome do titular, o CPF/CNPJ do titular, o endereço e CEP da unidade consumidora e o período fiscal da fatura. Para fins de privacidade, estaremos censurando estas informações da fatura exemplo.
  • 3. Dados de Faturamento da Unidade: Aqui você encontra a modalidade tarifária em que a unidade se enquadra (Verde ou Azul), sua classificação (industrial, comercial, etc), o tipo de conexão (monofásica, bifásica, trifásica) e informações específicas do contrato firmado entre o consumidor e a concessionária. Estas informações são: A demanda (ponta e fora ponta), consumo fixo (ponta e fora ponta), reserva de capacidade (ponta e fora ponta) e o período do ano em que este tipo de faturamento é válido. Caso não tenha sido estabelecido valor fixo para algumas das informações anteriores ela aparecerá em branco.
  • 4. Registros de Consumo: Neste espaço são informadas as datas da leitura anterior e atual, o número de dias faturados, as perdas previstas em virtude das transformações e as leituras diversas realizadas pelo equipamento (acompanhadas da leitura anterior e atual, do valor medido, da constante de faturamento e da grandeza).
  • 5. Histórico de Consumo: Um breve resumo dos hábitos de consumo da unidade, ao longo dos últimos 12 meses, não distinguindo entre consumos em horário de ponta e fora ponta, apenas o montante faturado e o mês de referência do consumo.
  • 6. Mensagens: Aqui será informado a agência de atendimento e um demonstrativo dos créditos de energia remanescentes para uso no mês seguinte. Os créditos são contabilizados no horário que foram produzidos, por isso deve ser informado: o saldo em horário de ponta e em horário fora ponta injetados no mês, os saldos acumulados no mês em ponta e fora ponta, e os saldos a expirar no próximo mês de referência.
  • 7. Resumo da Fatura: Constam aqui o número da sua Unidade Consumidora, a data de vencimento da fatura, o consumo total faturado no mês (sem distinção entre horário de ponta e fora ponta), o valor total da fatura e um número para atendimento da concessionária.
  • 8. Dados do Faturamento: Em uma fatura com geração distribuída esta seção pode ficar um pouco confusa, mas resumindo aqui constam todos os faturamentos realizados, contabilizados na unidade faturada, a tarifa respectiva e o montante monetário equivalente. O que é passível de faturamento: Consumo, energia injetada, créditos de energia utilizados, consumo de reativos, demanda, adicionais de bandeira, taxa de iluminação pública, contribuições voluntárias, serviços realizados pela concessionária. Iremos abordar esta seção com mais detalhes em seguida.
  • 9. Descritivo de Impostos da Fatura: Aqui ficam descriminados os impostos pagos nesta fatura.

 

 

Antes de começar: conceitos básicos de fatura Grupo A

 

Antes de começarmos a análise da fatura, elencamos alguns termos e tópicos cujo conhecimento é necessário para o correto entendimento do impacto da geração distribuída na fatura de energia.

Período de faturamento e mês de referência:

 

Período de Referência marcado como 01/2021. Atenção ao fato que a leitura é de dezembro.
Mês de referência 01/2021. Atenção ao fato que a leitura é na verdade, de dezembro.

 

O proprietário de um sistema de geração deve ter atenção a estas datas. O mês de referência de uma fatura indica o mês fiscal em que aquele consumo foi faturado. Não significando que todo o consumo, e nem mesmo a maior parte dele, deve ocorrer dentro do mês indicado como mês de referência. Já

o período de faturamento refere-se ao período do mês em que o consumo, e por consequência a geração, foram contabilizados. Para que possa ser feita uma comparação adequada entre os montantes gerado, injetado e consumido, é preciso ter certeza do total de energia gerada no período correto. Assim, quando for acessar seu sistema de monitoramento para calcular a energia gerada naquele mês, não se esqueça de confirmar as datas de início e fim da leitura.

Um detalhe importante é que a geração só é contabilizada até um dia antes do último dia faturado. Na fatura exemplo temos: período de faturamento do dia 06/12 a 31/12, onde a geração é contabilizada dos dias 06/12 (primeiro dia) a 30/12 (último dia de geração contabilizada).

 

Período correto de leitura.
Ao conferir a geração em seu sistema de monitoramento, se atente corretamente ao período de leitura.

 

Horário de ponta e fora ponta:

O horário de ponta, dentro da área de concessão da concessionária Celesc, ocorre no período das 18:30h a 21:30h*, de segunda a sexta, com exceção dos feriados nacionais. Já o horário fora de ponta ocorre nas demais 21h restantes do dia. Essa diferenciação se dá pelo crescimento quase exponencial do consumo, por parte de consumidores residenciais, neste mesmo período. A fim de evitar um colapso no sistema, a concessionária tem o direito de cobrar tarifas mais elevadas de consumidores de maior porte, possibilitando o atendimento de todos.

*Horário sujeito a alterações pela CELESC. Última atualização deste tutorial em 17/02/2021.

 

Demanda:

A demanda de uma unidade consumidora é o montante máximo de energia, a todo instante, que pode ser consumido, ou injetado. Ou seja, é o teto de consumo e injeção de uma unidade consumidora, ao longo do mês. A contratação da demanda também pode ser feita em horário de ponta e fora ponta, ou única para o período. Na fatura exemplo temos uma demanda contratada única para o período de 210 kW. Como a demanda é um acordo entre consumidor e concessionária que garante a disponibilidade da rede, consumidores do Grupo A não pagam o Custo de Disponibilidade da Rede, popularmente conhecido como “Taxa Mínima”. Isso significa que, quando comparamos a uma usina geradora em uma unidade do grupo B, todo o consumo pode ser abatido.

 

Detalhe de fornecimento, demanda e outros
Na fatura exemplo, temos uma demanda contratada única de 210 kW. Seção 3 da fatura exemplo.

 

Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (Tusd) e Tarifa Elétrica (Te):

TE significa Tarifa de Energia, é refere-se ao custo da energia consumida pelo proprietário do sistema. TUSD significa Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição e refere-se ao custo de levar a energia para a unidade consumidora. A divisão é necessária pois impostos são calculados de forma diferente em ambas as tarifas.

 

 

Dados de faturamento: entendendo a fatura

 

Dados de Faturamento
Resumo dos dados de faturamento de uma fatura Grupo A. Seção 8 da fatura exemplo. Todos os valores da coluna Faturado estão em kWh, com exceção da Demanda, que está em kW.

 

Chegou o momento de explicar, com mais detalhes, os Dados de Faturamento (seção 8). Vamos primeiro aos consumos, eles foram contabilizados por posto tarifário (horário de ponta e fora ponta) e por tarifa (Te e Tusd). Neste caso temos quatro consumos distintos faturados: o Consumo Ponta Tusd se refere ao custo de transportar a energia consumida em horário de ponta (das 18:30h as 21:30h); o Consumo Ponta Te é o custo de consumir a energia em horário de ponta; o Consumo Fora Ponta Tusd é o custo de transporte da energia consumida em horário fora ponta; e por fim o Consumo Fora Ponta Te remete ao custo de consumir energia em horário fora ponta.

A injeção de energia se dá de forma parecida aos consumos, marcada com a legenda Energia Injetada. Esta é descriminada por posto tarifário (horário de ponta “Pt” e fora ponta “Fp”) e por tarifa (Te e Tusd). Esta fatura de exemplo ainda tem mais um detalhe, como é observada pelas linhas Energia Inj Pt Muc Opt Te e Tusd*, que representam a utilização de créditos de energia gerados em períodos anteriores na fatura atual, onde a geração de energia foi menor que o consumo total.

*As siglas Muc Opt significam que os créditos injetados foram gerados por esta mesma unidade consumidora, contudo em mês anterior e em outro posto tarifário. Existem outras definições possíveis e a lista completa de todas as estão disponíveis na Instrução Normativa RE Nº 21 DE 13/04/2016 no parágrafo 4.c.

 

O Consumo de Reativos, assim como os demais faturamentos, também é segmentado por posto tarifário, entretanto não é tarifado pela transmissão desta energia. Em contrapartida a demanda faturada é tarifada apenas com o transporte, e não com o consumo. No caso da fatura exemplo a unidade consumidora optou pela contratação de demanda única, não havendo, dessa forma, divisão por posto tarifário.

Na fatura exemplo ainda existe um Adicional de Bandeira Vermelha P2, mas isso foi coberto pela geração fotovoltaica, em Energia Inj. Band. Vermelha Te.

Na listagem de lançamentos e serviços temos a contribuição com a iluminação pública (Contribuição para Custeio da Iluminação Pública - Cosip) e com o Hospital Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (contribuição específica do município). Outro serviço possível de aparecer nesse campo é o de “Desligamento Programado” e “Religação Programada”, que aparecem na conta quando o consumidor solicita o desligamento da rede à concessionária em data e horário específicos.

 

 

Lendo a fatura exemplo

 

Sistemas fotovoltaicos, quando adequadamente dimensionados, geram, ao longo de um ano, toda a energia consumida pelo cliente em um ano. O sistema bem dimensionado vai gerar créditos de energia em meses de maior irradiância, onde a geração ultrapassa o consumo, para serem utilizados em meses de sol mais brando, onde o consumo pode superar a geração.

O mês de dezembro, registrado pela fatura exemplo, é um mês onde há grande geração e injeção de energia, devido ao sol intenso. Deste modo, além da injeção de energia para abatimento, se nos atentarmos a seção 6 da fatura, podemos afirmar que foram gerados créditos de energia, 8.611 kWh em saldo fora de ponta.

Agora como ficou o abatimento desta fatura exemplo? Vamos analisar primeiro o consumo e injeção em horário fora ponta:

Neste período, em horário fora ponta, foram consumidos 3.891 kWh da rede Celesc e foram injetados, ao todo, 12.502 kWh*. Do montante injetado, 3.891 kWh foram utilizados para compensar completamente o consumo.

*12.502 kWh injetados. Onde 3891 kWh foram injetados como especificado na seção 8 e 8611 kWh foram gerados de saldo em créditos como especificado na seção 6.

 

Em relação ao consumo e injeção em horário de ponta foram consumidos da rede Celesc 354 kWh e injetados, ao todo, 6 kWh. Entretanto, créditos acumulados de meses anteriores foram utilizados para compensação do consumo em horário de ponta remanescente. Dessa forma foram utilizados 348 kWh de créditos, somados aos 6 kWh injetados para compensação completa do consumo em horário de ponta.

É importante lembrar que os créditos utilizados para compensação em ponta não foram gerados no mesmo posto tarifário. Desta forma, os créditos gerados em horário fora de ponta foram convertidos para compensar o consumo em horário de ponta. Esta conversão não é direta, pois o custo da energia não é o mesmo nos dois postos tarifários. A constante de multiplicação para essa conversão é calculada pela divisão da tarifa em horário de ponta pela tarifa em horário fora ponta. Para mais detalhes sobre a compensação de créditos de energia consulte a Resolução Normativa Nº 517, Art. 7°.

Por fim, apesar de termos abatido todo o consumo, porque a conta não zerou? Conforme mencionado anteriormente, apesar do consumo ser um dos fatores que mais pesam na fatura de energia, não é o único faturado. No caso da nossa fatura exemplo, o consumidor teve de arcar com custos de demanda contratada, de consumo de reativos, de impostos, além das contribuições com a iluminação pública e com o hospital. Isso significa que não existe, em faturas do Grupo A, a possibilidade de zerar a fatura com a instalação de uma geração distribuída. Entretanto é possível eliminar, com um sistema projetado de forma adequada, despesas com o consumo de energia.

 

 

Tire suas Dúvidas:

 

A SolarPro Engenharia é especializada no projeto e instalação de sistemas fotovoltaicos. Se ficou alguma dúvida sobre a leitura do demontrativo, deixe um comentário que respondemos em seguida.

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