Especialistas recomendam medidas de estímulo 'verdes' para retomada após pandemia
Sustentabilidade: Sex, 08 de Maio de 2020, 15:00:00
Estudo mostra que investimentos sustentáveis podem gerar maiores retornos para a economia e combater mudanças climáticas
A paralisia econômica provocada pelo novo coronavírus levanta uma importante questão para o médio e longo prazo: como será a retomada após a pandemia? Um estudo publicado nesta terça-feira no periódico “Oxford Review of Economic Policy” recomenda que o mundo aproveite a tragédia para evitar outra, a do caos climático, pautando a recuperação com investimentos sustentáveis.
— A redução das emissões provocada pela Covid-19 pode ter vida curta — afirmou Cameron Hepburn, pesquisador da Universidade de Oxford e autor principal do estudo. — Mas este relatório mostra que podemos escolher por uma retomada melhor, mantendo muitas das melhorias recentes que vimos com o ar mais limpo, o retorno da natureza e a redução nas emissões de gases-estufa.
Hepburn se uniu a um grupo internacional de especialistas renomados, que inclui o vencedor do Nobel Joseph Stiglitz, da Universidade Columbia, e o climatologista britânico Nicholas Stern, da London School of Economics. Eles catalogaram mais de 700 políticas de estímulo adotadas desde a crise financeira de 2008 em 25 categorias, e entrevistaram 231 especialistas de 53 países, incluindo representantes de ministérios da economia e bancos centrais.
Os pesquisadores ranquearam as 25 diferentes categorias segundo quatro características: quão rápida a política pode ser implementada, qual o retorno econômico por cada dólar dos cofres públicos investido, por quanto tempo gerará retorno e qual a contribuição para a redução das emissões de gases estufa.
E a conclusão é a de que políticas verdes geram resultados melhores, tanto para o meio ambiente como para a economia. Projetos sustentáveis criam mais empregos, geram maior retorno de curto prazo por dólar investido e maior economia no longo prazo, em comparação com estímulos fiscais tradicionais.
Dúvidas sobre energia solar fotovoltaica? Entre em contato conosco.E os entrevistados também demonstraram maior apreço por políticas verdes. Sem contar as medidas de liquidez e investimentos nos sistemas de saúde, obrigatórias para salvar vidas, os especialistas deram preferência a medidas com maiores benefícios ambientais, como investimentos em infraestruturas de energia limpa, modernização da rede elétrica, reabilitação de zonas costeiras e pesquisas em áreas como armazenamento de energia e captura de carbono.
Com esses resultados, os pesquisadores recomendam que países ricos e industrializados devem focar investimentos na infraestrutura limpa, como usinas solares e eólicas, na modernização das redes elétricas e no uso do hidrogênio.
Para países pobres e em desenvolvimento, governos devem incentivar produtores rurais a investirem numa agricultura mais sustentável, com menos emissões de gases do efeito estufa.
Na semana passada, a chanceler alemã, Angela Merkel, e a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, defenderam o investimento em políticas sustentáveis para a retomada da economia, e o debate emergiu nos EUA, na Índia e na Coreia do Sul.
Nos últimos três meses, mais de US$ 7 trilhões já foram direcionados para esforços de mitigação da crise, mas a maior parte do dinheiro foi apenas para o fortalecimento da liquidez das economias, com medidas como o pagamento direto à população e empréstimos para empresas. A retomada econômica exigirá mais alguns trilhões de dólares, que podem definir o futuro climático do planeta.
— Nós já temos estoque de capital suficiente para nos levar ao aquecimento de 2 graus Celsius — disse Hepburn, em entrevista à Bloomberg, se referindo à meta do Acordo Climático de Paris. — Se colocarmos mais US$ 10 trilhões em combustíveis fósseis, podemos dar um beijo de adeus a Paris.
Por Agência o Globo, portal Pequenas Empresas & Grandes Negócios, publicada em 05/05/2020.
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